sábado, 1 de janeiro de 2011

Ser professor, ou ser educador


Ser professor ou ser educador?


A escola possui entre os seus objetivos, abranger os aspectos físicos, sociais e afetivos na construção de sujeitos críticos e reflexivos. O aluno é considerado um agente ativo de seu conhecimento, a família e os professores, são mediadores na constituição do saber e no desenvolvimento da personalidade.
Mas afinal... Qual é o papel da escola na sociedade? E o papel do educador? Ser professor ou ser educador? Quais são os ganhos e as perdas na educação de ontem e de hoje? Ser tradicional ou ser inovador? O que representa o educando na relação com o educador?
A concepção de professor tradicional aponta-nos um profissional do passado. A imagem do professor era tida como detentor de todo saber e o conhecimento careciam de um verbalismo. O professor era o único ser pensante na sociedade, o único que manipulava e tinha acesso ao saber.
No entanto, a realidade do século XXI exige um educador cuja formação torna-o capaz de enfrentar os obstáculos da própria deficiência e limitação com um olhar mais realista e comprometido com a qualidade.

A ESCOLA TRADICIONAL

No século XX, a relação professor-aluno era vertical, piramidal, pois era hierárquica e tinha como conseqüência a submissão, o medo do aluno de se expor perante o público, restrito ou não, numa atitude submissa e apática, sendo, portanto considerado como um componente do conhecimento, o receptor da tradição cultural, do conteúdo formal. O aluno era aquele que nada sabia e precisava do professor para absorver, como uma esponja jogada na água, para “ encher o balde”, para que fosse “depositada a educação”. O aluno tinha que absorver o conteúdo transmitido pólo professor.
Não se discutiam métodos, didáticas  e /ou propostas educacionais. Os modelos de ensino eram determinados pelos docentes e acolhidos pacificamente pela comunidade escolar. O foco da comunidade escolar era somente no ensino. A aprendizagem seria algo secundário. Dessa forma, o sistema de ensino centrava-se na ação do professor ensinar, sem nenhuma preocupação com a forma do aluno aprender.
O professor assumia o papel de detentor do poder, pelo poder do saber, com o desejo de ser reconhecido pelos por outros professores, pelos seus alunos e pela sociedade. Admitir que cometesse um erro, ou que não sabia responder ao questionamento do seu aluno, era algo intolerável na sociedade.
O currículo era padronizado, adotado igualmente em todas as escolas brasileiras. A prioridade da escola tradicional era trabalhar valorizando o desenvolvimento do conhecimento determinado pelo currículo escolar. O professor ao término de cada ano letivo era muito cobrado em relação ao ensino de todo o conteúdo determinado por esse currículo.
Os alunos eram considerados um grupo homogêneo e único. Não havia preocupação com as diferenças individuais, principalmente as diferenças culturais, sociais e financeiras.
Existia uma valorização da concorrência entre os alunos, reprimidos por um sistema avaliativo classificatório. A avaliação não era considerada como uma ferramenta pedagógica que favorecia a aprendizagem.
O professor trabalhava com recompensas e castigos. A escola  priorizava e valorizava enfaticamente a assimilação dos conteúdos por parte do aluno, do conhecimento externo adquirido por meio de transmissão, sem a exigência de maiores elaborações individuais. O objetivo era conhecer para decorar e não para refletir-agir-refletir estabelecendo uma conexão entre a valorização do conhecimento prévio e a construção a partir das diversas conexões possíveis e articuladas de uma aprendizagem significativa.
A metodologia por meio de uma didática instrumental tinha por principio o aprender mecânico, sem a relação com o real. A avaliação valorizava os aspectos cognitivos, supervalorizando a memória e a capacidade de restituir o que foi assimilado.

O EDUCADOR CONTEMPORÂNEO

O educador é o profissional responsável por atender às exigências impostas pela necessidade social de aperfeiçoar cidadãos conscientes e aptos, prontos a enfrentar os obstáculos do seu cotidiano. É o profissional que desenvolve o currículo escolar, responsável por conduzir saberes científicos, conteúdos formais, com base nos conhecimentos prévios destes alunos, além de receber dos educandos novas informações que vão modificando e enriquecendo gradativamente a sua visão de sociedade, civilização e de mundo.
Sabe-se que o novo paradigma educacional, com sua evolução, leva a sociedade a exigências qualitativas que são visíveis e prioritárias, requerendo um novo tipo de sujeito que assume o papel de ensinante e ao mesmo tempo de aprendente.
O novo sujeito educativo é o educador que é capaz de entender a heterogeneidade da turma, adequando-se e integrando-se a ela, tendo domínio do conteúdo que o torne capaz de promover o intercâmbio entre os alunos e o conhecimento, consequentemente estabelecendo uma relação harmoniosa em atendimento às exigências do princípio da inclusão.
No convívio escolar, educandos e educadores estão sempre aprendendo a aprender, a fazer, a ter, a conviver, a empreender e a transformar-se em um indivíduo mais informado e autônomo e a desenvolver também a concepção, execução e avaliação do trabalho pedagógico num contexto participativo no âmbito da escola, dos sistemas de ensino ou outros espaços organizacionais, educacionais e culturais, com diferentes sujeitos sociais
O que a sociedade precisa é de profissionais intelectualmente preparados, capazes de atuar de forma competente. Esse preparo será encontrado no conhecimento científico, mas, é através da pratica que ele vai exercitar o seu espírito docente e humano quanto aos problemas e às dificuldades encontradas, fortalecendo-se como educadores, traçando um paralelo entre o conhecer e o saber, o praticável que produza prazer e qualidade educativa.
Para Morin (2002, p.108),
A democracia supõe e nutre a diversidade dos interesses, assim como a diversidade das idéias. O respeito à diversidade significa que a democracia não pode ser identificada com a ditadura da maioria sobre as minorias; deve comportar o direito das minorias e dos contestadores à existência e à expressão, e deve permitir a expressão das idéias heréticas e desviantes. Do mesmo modo que é preciso proteger a diversidade das espécies para salvaguardar a biosfera, é preciso proteger a diversidade de idéias e opiniões, bem como a diversidade de fontes de informação e de meios de informação (impressa, mídia), para salvaguardar a vida democrática.
É preciso conduzir a aprendizagem dos alunos numa relação de respeito, reforçando uma postura humana integrada à postura do educador, com a responsabilidade de avaliar as peculiaridades de cada aluno. Assim, novas formas de avaliar devem surgir, de acordo com a pratica pedagógica do professor e necessidade de intervenção na aprendizagem.
No que se refere a Educação Física no contexto escolar, não se pode mais admitir uma avaliação sem sentido, tanto para alunos, quantos para os professores. A avaliação na qual os alunos são classificados segundo a presença na aula. O profissional da Educação Física não pode mais aceitar essa postura perante seus alunos. Afinal, a Educação Física como área de conhecimento deve ser conduzida no contexto escolar de modo que demonstre uma concepção critica e reflexiva, tanto de professores como de alunos. Os momentos da avaliação devem conduzir ações  favoráveis a aprendizagem.
O aluno deve ser respeitado como um ser aprendente e não como receptor de informações. Esses alunos estão nos olhando, ansiosos pelas descobertas, pelas novidades, pelo desejo de "aprender a aprender". Ser da geração tecnológica é ter um diferencial veloz, qualitativo e quantitativo do conhecimento. Quantos de nós educadores estamos mais defasados no conteúdo do que aquele aluno que tem tempo disponível e é capaz de lidar com a mais nova tecnologia da informação e da comunicação?
O professor deve estar pronto para inovar, desenvolver um processo de reflexão na prática educativa e sobre esta prática. É preciso trabalhar com uma aspiração interior, buscando sempre a qualidade da educação. Fazer auto-avaliações constantes, usando o olhar crítico de quem possui a capacidade de saber o que faz e o que deve ser feito, com a tranqüilidade de perceber onde errou e onde acertou a cada final de um dia letivo.
Conforme Masetto (2003, p.30), a escola precisa de,
Um professor que forme com os seus alunos um grupo de trabalho com objetivos comuns, que incentive a aprendizagem de uns com os outros, que estimule o trabalho em equipe, a busca de solução para problemas em parcerias, que acredite na capacidade de reflexão, que possa acontecer uma interação entre os alunos de modo que venham a aprender, o que muitas vezes é mais fácil do que aprender com o próprio professor. Um docente que seja um motivador para o aluno realizar as pesquisas e os relatórios, que crie condições contínuas de feedback entre aluno-professor e aluno-aluno.
[...] É fundamental que nossos professores entendam, discutam e busquem uma forma de realizar na prática esse tipo de relação.
Encarar os desafios atuais da carreira é ser capaz de desenvolver o espírito, a postura e a competência de Educador. O educador de hoje, deve lembrar-se de que já foi, ou ainda é, aluno. A relação com os educandos deve ser de colaboração, reciprocidade e permeada por uma interação harmônica num trabalho pedagógico mais dinâmico.
A instituição de ensino formadora de profissionais da educação precisa ter clareza das exigências do mercado de trabalho, tanto para si, quanto para os seus educandos. Assim, objetiva-se uma formação que combine e equilibre o desenvolvimento técnico e humanístico, e que promova a visão integral do ser humano, com autonomia do sujeito e respeito à diversidade, levando-o à liberdade de expressão e ao pluralismo de idéias.
A importância da aprendizagem através da pesquisa é fundamental na prática de um ensino construtivista. Através dela é possível manejar e reconduzir conhecimentos, em atendimento às expectativas do mundo moderno, visando uma perspectiva de um futuro de transformações.
Possibilitar a abstração na reflexão pode produzir independência de pensamentos e de ações, analisando fatos, a partir dos princípios de autonomia e da preservação cultural e artística em benefício da comunidade.
Em decorrência disso, a educação escolar pode contribuir grandemente para a formação de pessoas com senso crítico da realidade. Cabe à Universidade estimular a criatividade científica, formar profissionais, agregar conhecimentos para responder aos problemas do mundo, dando conta do universal e do particular, articulando o conhecimento.
 O novo modelo de aprendizagem propõe que o docente abandone o papel de transmissor de conteúdos para se transformar num pesquisador; Teoria e prática não são dissociáveis, pois o relacionamento adequado com a prática ocorre por meio de pressupostos teóricos.
O docente necessita do conhecimento teórico para saber como lidar com as adversidades nos limites da comunidade escolar, da própria escola e da sala de aula, além de definir métodos e técnicas de ensino mais apropriadas a cada turma. Esse conhecimento será o sustentáculo do fazer pedagógico.
O educador não deve ficar "preso" às quatro paredes da sala de aula e/ou limitar seus alunos a transmissão de conteúdos pré estabelecidos.
A construção do conhecimento deve encontrar seu espaço em cada aula. Aos alunos deve ser propiciado ambientes favoráveis a aprendizagem. Os professores enfatizam precisam transcender métodos de ensino, considerando o individuo em sua totalidade como um ser uno, único e complexo.  Pode-se utilizar como recurso um saber mais lúdico, dinâmico e atualizado, com novas resoluções práticas de questões, e brincadeiras coerentes e educativas. Como indica Picollo ( 1998), O sujeito deve ser atuante na construção do seu saber, e não mero espectador.


REFERÊNCIAS

ARANHA, Maria Lúcia de Arruda. Filosofia da Educação. São Paulo, Moderna, 1996. 254p

MORIN, Edgar. Os Sete Saberes Necessários à Educação do Futuro. São Paulo, Cortez, 2002. 118p.

MASETTO, Marcos Tarcisio. Competência Pedagógica do Professor Universitário. São Paulo, Summus, 2003. 195p.





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