sexta-feira, 22 de abril de 2011

Dificuldade de aprendizagem na perspectiva das inteligências múltiplas: um estudo com
um grupo de crianças brasileiras

Vera Lúcia Teixeira da Silva
Rede Pública do Estado de São Paulo, Brasil
Vilma Leni Nista-Piccolo
Universidade São Judas Tadeu, Brasil


Resumo
O texto apresenta um estudo realizado com treze crianças brasileiras,
matriculadas na quarta série do ensino fundamental da rede pública do Estado
de São Paulo, diagnosticadas como possuidoras de Dificuldade de
Aprendizagem. O objetivo foi investigar a possibilidade de ampliar a aquisição,
manifestação e expressão do conhecimento, por parte dessas crianças.
Partindo-se da análise bibliográfica sobre Aprendizagem, Dificuldade de
Aprendizagem e Inteligências Múltiplas, realizaram-se Intervenções
Pedagógicas, visando estimular a pluralidade intelectual desses estudantes.
Como método de análise optou-se pelo Paradigma Indiciário sugerido por
Ginzburg (1989). Os dados levantados em entrevistas e observações durante a
realização das Intervenções Pedagógicas apontaram sinais que podem ter
favorecido a Dificuldade de Aprendizagem no contexto escolar. Após o período
das Intervenções Pedagógicas, percebeu-se que a motivação, a disciplina, a
interação, a auto-estima e a expressividade melhoraram consideravelmente.
Além disso, os dados apontaram indícios que favorecem a aprendizagem,
construídos no percurso da realização das Intervenções Pedagógicas.
Palavras-chave
Aprendizagem; Dificuldade de aprendizagem; Inteligências múltiplas
Introdução
Nos últimos anos, apesar de algumas medidas governamentais,
amparadas por muitos estudos e discussões sobre a educação brasileira, o
fracasso escolar ainda se impõe de forma alarmante.
O sistema escolar com suas várias reformas ampliou o número de
vagas, mas não desenvolveu uma ação que tornasse eficiente essa questão
e garantisse o cumprimento daquilo que o justifica, ou seja, o acesso ao
conhecimento. Atualmente, a tentativa de resolver as dificuldades de
aprendizagem apresentadas pelas crianças ainda é pela reprovação de série.
Alguns autores como Ciasca (2003) e Neira (2003) apontam que apesar dos
valores numéricos relacionados com reprovação e evasão terem diminuído,
muitos alunos continuam na mesma situação, ou seja, "sem condições de
aprender".
Além disso, estudos revelam que apesar dos múltiplos fatores que
interferem nas causas do fracasso escolar, a maior parte das pesquisas sobre
crise educacional, insiste nas dificuldades que os estudantes têm em dominar
objetivos manifestos pela escola sem, contudo, considerar os meios utilizados
pelos professores para alcançarem estes objetivos (Gardner, 1994).
Até mesmo escolas bem conceituadas enfatizam como sinais do
conhecimento adquirido, apenas o desempenho expressado no que está
dentro da padronização do sistema escolar. Por conseguinte, é comum
crianças fracassarem diante das exigências impostas pela escola e serem
classificadas como detentoras de Dificuldades de Aprendizagem (DA).
Ao considerar que a aprendizagem sofre a influência de inúmeras
variáveis, torna-se ainda mais complexo o campo de investigação sobre as
Dificuldades de Aprendizagem. Ao refletir sobre esses temas deve-se
considerar o contexto cultural, a diversidade e as peculiaridades
apresentadas, que são características inatas do ser humano. Nessa
perspectiva, dependendo do contexto, pode ser viável destacar que os
estudantes aprendem de modos diferentes, cada um da sua própria maneira.
Nesse sentido, Gardner (1999; 1994; 2000), em sua Teoria das
Inteligências Múltiplas, destaca as várias Inteligências das crianças,
particularmente daquelas que no contexto escolar podem ser consideradas
como incapazes de aprender. Segundo o autor, todos os indivíduos são
inteligentes, mas de maneiras diferentes. E as Inteligências são
aperfeiçoadas, ou não, dependendo dos estímulos que as crianças recebem,
e do ambiente cultural que as cercam. Nessa concepção, a escola deveria
oferecer uma formação que possibilitasse o desenvolvimento dos potenciais
individuais, permitindo e favorecendo situações de aprendizagem que
contemplem a pluralidade de manifestação e expressão do intelecto.
192 Vera Lúcia Teixeira da Silva & Vilma Leni Nista-Piccolo
A partir do levantamento desses dados surgiu o interesse em investigar
como se dá a questão da Dificuldade de Aprendizagem em situações de
estímulos das Inteligências Múltiplas, gerando o seguinte questionamento:
Será que situações que estimulam as Múltiplas Inteligências em crianças
diagnosticadas como possuidoras de Dificuldades de Aprendizagem, podem
ser uma alternativa facilitadora do acesso ao conhecimento?
Sob o embasamento da Teoria das Inteligências Múltiplas (Gardner,
2000), na qual o autor relata que todos apresentam potenciais, os quais,
devidamente reconhecidos e estimulados, contribuem para o
desenvolvimento global, é que se buscou conhecer e desenvolver algumas
práticas pedagógicas.
A amostra delimitada nesse estudo constituiu-se em um grupo de treze
estudantes brasileiros, matriculados na quarta série do ensino fundamental de
uma Escola Estadual da rede pública de ensino do Estado de São Paulo, os
quais foram declarados pela equipe docente e administrativa da escola, como
possuidores de DA.
A finalidade principal desse estudo foi investigar a possibilidade de
ampliar a expressão do conhecimento, utilizando as múltiplas manifestações
de Inteligências, como rotas de acesso no processo ensino e aprendizagem
dessas crianças, que segundo diagnóstico escolar, apresentam DA.
Partindo das análises bibliográficas sobre Aprendizagem, DA e
Inteligências Múltiplas foram elaboradas propostas pedagógicas de ensino,
por meio de situações problemas, com ênfase no trabalho motor, visando
estimular a pluralidade intelectual desses estudantes.
Os tópicos a seguir sintetizam aspectos importantes destacados dos
temas referentes à Aprendizagem, Dificuldades de Aprendizagem, Teoria das
Inteligências múltiplas, bem como suas implicações na aprendizagem, os
quais serviram de embasamento para as Intervenções. Posteriormente,
apresenta-se o percurso metodológico dessa investigação e a análise dos
dados que foi realizada de acordo com o método sugerido por Ginzburg
(1989), denominado de "Paradigma Indiciário".
Aprendizagem
Apesar da aprendizagem ser uma característica inata do ser humano,
os processos pelos quais se adquire o conhecimento ainda se constituem em
um desafio para estudiosos e pesquisadores das mais diversas áreas.
Dificuldade de aprendizagem na perspectiva das inteligências múltiplas 193
Ao abordar esse tema na área educacional, pode ser necessário
considerar os aspectos pedagógicos, políticos, culturais e sociais que os
permeiam. Nessa ótica, a aprendizagem passa a ser um fenômeno
perspectival, ou seja, é passível de uma abordagem por diversas lentes, pois
envolve um estado de peculiaridade do ser humano, de acordo com a cultura,
a sociedade e, conseqüentemente, com as situações de aprendizagem
vivenciadas por cada indivíduo no decorrer de sua história de vida.
A interação social fornece os meios para o desenvolvimento, pois em
todo o percurso de vida o indivíduo é, profundamente, influenciado por
significações do mundo social. Apesar da trajetória do seu desenvolvimento,
em parte ser definido pelo processo de maturação do organismo individual, é
o aprendizado que possibilita o despertar dos processos internos desse
desenvolvimento (Vygotsky, 1991).
Alguns pesquisadores (Gardner, 2006; Smole, 2006; Vecchi, 2006;
Zylberberg, 2007) acrescentam que para uma aprendizagem ser
concretizada, ela deve ser significativa para quem aprende o que exige uma
avaliação da compreensão desses significados por parte do educador e
educando. A partir do entendimento do significado parte-se para a relação da
situação de aprendizagem que está sendo apresentada com as experiências
anteriores e vivências pessoais dos aprendizes.
Além disso, a aprendizagem passa a ser significativa quando
transcende métodos de ensino e exige o envolvimento por meio da interação
de todas as variáveis que interferem no processo. Essa interação mútua
possibilita aos alunos aprenderem por múltiplos caminhos, permitindo as
diversas formas de conceber e expressar seus conhecimentos (Gardner,
1994; 2006; Vecchi, 2006; Zylberberg, 2007).
Nessa interação de variáveis, o processo de aprendizagem pode
percorrer um caminho não linear, o qual se desvela por meio de indícios,
presentes nas relações cognitivas, afetivas, sociais, estabelecidas na história,
na cultura e principalmente pela singularidade do próprio sujeito.
Pode-se considerar também que esse tipo de estruturação cognitiva se
dá por intermédio de uma seqüência de eventos, única para cada pessoa.
Desta forma, o aprendiz pode ser considerado dentro da sua complexidade,
com suas características individuais sendo influenciado pelo meio, estando
194 Vera Lúcia Teixeira da Silva & Vilma Leni Nista-Piccolo
sensível a uma infinidade de manifestações, as quais resultam dessa
interação dinâmica.
Nessa perspectiva, a construção do conhecimento no ambiente
escolar pode conduzir para ações pedagógicas que valorizem a
individualidade e o contexto social, reconhecendo e respondendo às
necessidades diversificadas de seus alunos, acomodando os diferentes
estilos e ritmos de aprendizagem e assegurando educação de qualidade para
todos, sem, contudo, abandonar seus objetivos.
No entanto, no contexto escolar, quando o processo ensino
aprendizagem não alcança êxito, embora existam outros fatores, as causas
geralmente são buscadas somente no estudante, o qual se torna referência
de incapacidade, tornando-se o único responsável pelo seu fracasso.
Essas questões suscitam a seguinte reflexão: Se o aprender constitui
uma característica que pertence ao indivíduo desde o seu nascimento,
compondo sua peculiaridade, a qual está submersa na interação mútua de
inúmeras variáveis, o que pode constituir o não aprender?
Dificuldades de aprendizagem
Estudos revelam que apesar do tema envolver muitas discussões, nas
mais diversas áreas, um consenso que parece existir entre os autores é o de
que a Dificuldade de Aprendizagem (DA) pode gerar ou mesmo agravar
problemas relacionados à adaptação social, convivência e auto-estima do
estudante.
Ao realizar um estudo, Osti (2004) observa que 90% dos professores
definem as DA como sendo uma lentidão ou incapacidade do aluno para
assimilar informações, sendo revelada quando o aluno não atinge o mínimo
esperado. Apenas 10% dos professores envolvidos na pesquisa apontam DA
como sendo a soma de fatores de ordem social, cultural, psicológica e
neurológica. Esses resultados revelam que a percepção do professor em
relação a DA está diretamente ligada ao aluno, sendo considerada uma
característica intrínseca, ou seja, é o seu rendimento, o seu desempenho que
irão determinar suas habilidades de aprender.
Nesta ótica, as práticas pedagógicas e a articulação de inúmeras
variáveis que interferem no processo de aprender não são consideradas, o
Dificuldade de aprendizagem na perspectiva das inteligências múltiplas 195
aluno passa a ser diagnosticado como "capacitado ou incapacitado para
aprendizagem" a partir da assimilação de informações.
Ao abordarem o tema, alguns autores como Gardner, Konhaber e
Wake (1998); Armstrong (2001); Feldman (2001); Neira (2003); Weisz e
Sanchez (2003); Wadsworth (2003) e Zylberberg (2007) esclarecem que as
crianças que possuem potenciais que se expressam em dimensões físicas e
artísticas, como as artes plásticas, a música, os movimentos corporais,
freqüentemente, são as que enfrentam maiores dificuldades no sistema
escolar, pois apresentam incompatibilidade com os valores expressos pela
escola, nos quais os professores, na maioria das vezes, validam apenas
conhecimentos em algumas áreas, sem considerar as diferenças individuais.
Wadsworth (2003) relata que todos os indivíduos apresentam DA. Por
muitas razões as facilidades e dificuldades do aprendizado estão relacionadas
com o fato de algumas pessoas serem extremamente talentosas em
determinadas áreas, como também fracos em outras. O autor esclarece que
se o critério para excelência de uma pessoa fosse a capacidade musical, e
não o conjunto de notas escolares, certamente outro grupo de alunos seriam
rotulados como incapazes para aprender.
O sistema educacional responsabiliza o indivíduo que não aprende
como único responsável pela sua incapacidade. Essas ações desvinculam
completamente a aprendizagem como possibilidade de desenvolvimento
cognitivo do aluno. Sendo que o interesse do sistema consiste nos
percentuais de reprovação ou aprovação, por conseguinte, as ações
pedagógicas escolares estão inseridas numa pedagogia de exame que
sobrepuja todo o processo ensino aprendizagem (Machado, 1997; Patto,
1988; Gardner, 1998; Luckesi, 1999).
Embora os professores defendam teoricamente a inclusão dos alunos
com dificuldades em relação à aprendizagem, na prática ainda preconizam
que as crianças devem se submeter ao ensino homogêneo, com habilidades
e competências comparáveis, aprendendo em um contexto em que o
professor sempre ensina de uma mesma maneira traduzindo na formalidade
dos conteúdos (Macedo, 2005; Smole, 2006).
Dessa forma, as crianças são excluídas, silenciosamente, do sistema
escolar e da sociedade. Os estudantes permanecem no sistema escolar,
196 Vera Lúcia Teixeira da Silva & Vilma Leni Nista-Piccolo
porém não desfrutam de uma pedagogia apropriada que contemple suas reais
necessidades educacionais (Neira, 2003; Amaro, 2006).
Corroborando Fernández (1991) declara que não se pode entender o
processo somente a partir do aprendiz, tornando-se necessário recorrer ao
professor e à instituição escolar para diagnosticar um problema de
aprendizagem.
As ações pedagógicas devem ser refletidas e associadas a uma
prática educativa coerente com o contexto educacional, as quais visam
igualdade de oportunidades e de acesso ao conhecimento, mesmo para
alunos "menos favorecidos e considerados limitados por uma fraqueza que
não lhes pertence".
Nessa perspectiva, não existem crianças com DA, o que ocorre no
sistema de ensino é a privação de situações de aprendizagem que
contemplem a forma de aprender dessas crianças. Pode ser que as reais
potencialidades do aluno com DA não sejam validadas no contexto escolar.
Se a criança estiver inserida em situações de aprendizagem que se adaptem
à sua forma natural de aprender, certamente seus potenciais serão
desenvolvidos.
O aluno pode apropriar-se do conhecimento por meio das situações de
aprendizagem presentes no contexto escolar, em que a pluralidade não pode
ser considerada limitação, mas constituir-se nas mais variadas possibilidades.
Ao assumir o ensino numa concepção em que todos apresentam as várias
inteligências, pode ser necessário uma alteração na forma como se concebe
a DA, e principalmente, as práticas pedagógicas que estão inseridas neste
contexto.
Diante disso, professor e estudante podem reconhecer que todas as
pessoas têm sua própria forma de aprender, sendo que isso se constitui numa
característica humana. E, principalmente, admitir que a criança rotulada como
"incapaz para a aprendizagem" pode possuir inteligências que, se forem
devidamente reconhecidas e estimuladas, contribuirão para o seu
desenvolvimento global.
Ao considerar a pluralidade intelectual da criança com DA, Gardner
(1994; 2000), por meio de suas pesquisas, apresenta a Teoria das
Inteligências Múltiplas.
Dificuldade de aprendizagem na perspectiva das inteligências múltiplas 197
Segundo Gardner (1994; 2000), as definições de inteligência
dependem não somente dos indivíduos, mas também de seus valores e
crenças associadas às necessidades pessoais e propósitos culturais. Dessa
forma, indícios múltiplos e convergentes levaram o pesquisador a propor uma
maneira de conceber a inteligência que abrange a pluralidade do intelecto.
Inteligências múltiplas
Na perspectiva da Teoria das Inteligências Múltiplas, todas as pessoas
possuem várias inteligências, sendo que a diferença é o estímulo que é dado
a cada indivíduo para que seja favorecido o desenvolvimento dessas
inteligências (Gardner, 1999).
As inteligências são desenvolvidas em graus variados, dependendo
dos estímulos que as pessoas recebem no seu percurso de vida. Os valores
culturais vinculam-se às capacidades intelectuais na solução de problemas
que decorrem dos objetivos e valores provenientes dos desafios encontrados
em cada cultura. Então, além dos fatores genéticos e neurobiológicos, o
desenvolvimento de cada inteligência também será determinado por
condições ambientais e culturais (Gardner, idem).
Gardner (2000, p.47) apresenta o conceito de inteligência como:
"potencial biopsicológico para processar informações, que pode ser ativado
num cenário cultural para solucionar problemas ou criar produtos que sejam
valorizados numa cultura". O autor argumenta que uma inteligência é um
termo para organizar e descrever capacidades humanas e não uma referência
a um produto que determina o quanto o indivíduo é "capaz ou incapaz".
Ao abordar valores culturalmente construídos, remete-se à idéia de
costumes diferentes e, conseqüentemente, as experiências e oportunidades
de desenvolvimento que conduzem a habilidades e valores são diversificadas.
Além disso, algumas culturas sequer possuem uma concepção de
inteligência, enquanto outras compreendem a inteligência com características
próprias. Portanto, a noção de inteligência está fortemente relacionada com a
cultura, pois as inteligências só se desenvolvem porque são valorizados pelo
ambiente cultural (Gardner, 2000).
Segundo o autor, todos os indivíduos normais são capazes de uma
atuação em pelo menos oito diferentes e, até certo ponto, independentes,
198 Vera Lúcia Teixeira da Silva & Vilma Leni Nista-Piccolo
áreas intelectuais. Essa argumentação favorece a compreensão da
inteligência como processo individual e contínuo ao longo de toda existência
humana (Gardner, 1995). O autor identificou inicialmente sete inteligências:
Lingüística, Lógico-Matemática, Espacial, Musical, Corporal Cinestésica,
Interpessoal e Intrapessoal. Posteriormente acrescentou a Inteligência
Naturalista como sendo a oitava. Cada inteligência possui sua característica
própria que a distingue das demais.
"A inteligência lingüística envolve sensibilidade para a língua falada e
a escrita, a habilidade de aprender línguas e a capacidade de usar a língua
para atingir certos objetivos" (Gardner, 2000: 56). Esta inteligência está
relacionada com a habilidade para usar a linguagem para transmitir idéias,
sendo expressa, principalmente, pelos poetas, os escritores, os advogados,
os locutores e os oradores.
A característica da Inteligência Lógico-Matemática refere-se ao
processo de resolução de um problema com lógica. "A inteligência lógicomatemática
envolve a capacidade de analisar problemas, com lógica, de
realizar operações matemáticas e investigar questões cientificamente"
(Gardner, 2000: 56). Apresenta-se expressa principalmente em matemáticos,
programadores de computador, analistas financeiros, contadores,
engenheiros e cientistas.
Por sua vez, o caráter distinto da Inteligência Musical consiste na sua
manifestação em habilidade para apreciar, compor ou reproduzir uma peça
musical. "A Inteligência Musical acarreta habilidade na atuação, na
composição e na apreciação de padrões musicais" (Gardner, 2000: 57). Inclui
discriminação de sons, habilidade para perceber temas musicais,
sensibilidade para ritmos, e habilidade para produzir ou reproduzir música.
Além disso, a Inteligência Musical permite a criação e a comunicação, bem
como a compreensão de significados compostos utilizando-se os sons
(Gardner, 1995, 2000; Gardner; Konhaber; Wake, 1998). Essa habilidade está
representada pelos compositores, maestros e instrumentistas, assim como
peritos em acústica e engenheiros de áudio.
Outra manifestação do intelecto refere-se à Inteligência Espacial.
Segundo Gardner, (2000: 57): "[...] deve-se ressaltar que tal inteligência
também é usada por deficientes visuais, pois a inteligência espacial não
depende da sensação visual. A Inteligência Espacial tem o potencial de
reconhecer e manipular os padrões do espaço".
Dificuldade de aprendizagem na perspectiva das inteligências múltiplas 199
Além da principal aplicação desta inteligência nas artes visuais, ela
também é utilizada entre os geógrafos, cirurgiões, escultores, jogadores de
xadrez, artistas gráficos, arquitetos, decoradores e navegadores.
Ao referir-se ao corpo em movimento solucionando problemas,
aborda-se a característica da Inteligência Corporal Cinestésica. Essa
inteligência se refere à habilidade para resolver problemas ou criar produtos
utilizando-se o corpo, ou parte do corpo. Portanto, solicita a coordenação
grossa ou fina em esportes e jogos, artes plásticas ou no controle dos
movimentos do corpo. "A Inteligência Corporal Cinestésica acarreta o
potencial de usar o corpo (como a mão ou a boca) para resolver problemas
ou fabricar produtos" (Gardner, 2000: 57). Situações explícitas da
manifestação dessa Inteligência referem-se à expressividade dos dançarinos,
assim como a habilidade apresentada pelos alpinistas, pelos jogadores de
esportes coletivos e pelos mímicos, pois demonstram a capacidade de
realizar ações motoras amplas e finas na busca da solução de uma situação
problema.
Outra manifestação do intelecto refere-se à Inteligência Interpessoal, a
qual abarca a habilidade que emprega capacidades centrais para reconhecer
e fazer distinções entre os sentimentos, as crenças e as intenções dos outros.
Essa manifestação do intelecto, está bem interpretada pelos terapeutas,
professores, vendedores, políticos, líderes religiosos, líderes políticos e atores
(Gardner; Konhaber; Wake, 1998; Gardner, 2000).
A Inteligência Intrapessoal relaciona-se com a noção que o indivíduo
tem dos próprios sentimentos, referindo-se à capacidade de
autoconhecimento que ele possui. Em seu nível mais avançado, a inteligência
intrapessoal consolida discriminações avançadas dos próprios sentimentos,
intenções e motivações, que trazem um elevado nível de autoconhecimento
(Gardner; Konhaber; Wake, 1998). Gardner (2000) relata a Inteligência
Intrapessoal como imprescindível nas decisões pessoais. Além disso, o autor
considera mais o aspecto peculiar das emoções, do que emoções reduzidas
somente a determinados tipos de inteligência. "Além do mais, agora considero
mais as facetas emocionais de cada inteligência do que as emoções restritas
a uma ou duas inteligências pessoais" (p. 58).
A Inteligência Naturalista é demonstrada no reconhecimento e na
classificação de numerosas espécies da flora e da fauna. Essa demonstração
200 Vera Lúcia Teixeira da Silva & Vilma Leni Nista-Piccolo
de Inteligência está expressa pelos indivíduos de vasto conhecimento sobre
os seres vivos. Essa manifestação do intelecto se refere à habilidade em lidar
com situações ligadas a natureza, e está bem representada pelos biólogos,
cientistas naturalistas, paisagistas e ambientalistas.
Estas inteligências até certo ponto são independentes, contudo elas
não funcionam isoladamente. A partir dessa premissa, a qual preconiza que
os seres humanos dispõem de graus variados de cada uma dessas
inteligências, os quais resultam das maneiras diferentes de combiná-las e
organizá-las, para alguns propósitos em determinadas culturas, pode ser
importante explorar as mais variadas combinações de inteligência. Com todas
essas proposições, embora Gardner não tenha concebido a Teoria
especificamente para a área educacional, devido ao fato de se analisar a
importância das diversas formas de pensamento, juntamente com a relação
existente entre aquisição do conhecimento e cultura, as implicações da Teoria
das Inteligências Múltiplas tornaram-se explícitas para educação.
A teoria das inteligências múltiplas na aprendizagem
Ao considerar a diversidade que apresenta o contexto escolar, assim
como as muitas variáveis que interferem no processo de aprendizagem, os
métodos de ensino podem considerar a concepção de uma educação
vinculada à Teoria das Inteligências Múltiplas (Gardner, 1994, 2000;
Armstrong, 2001; Brandl, 2005; Smole, 2006; Vecchi, 2006; Zylberberg, 2007).
Ao conceber as práticas pedagógicas sob a visão das Inteligências
Múltiplas os conteúdos podem ser ensinados nas mais diversas abordagens
pedagógicas. Porém, ao planejar uma educação realmente eficaz, os
métodos devem ser suscetíveis às estimulações do potencial, e
conseqüentemente, à compreensão dos estudantes.
Quando as ações pedagógicas permitem a influência da Teoria das
Inteligências Múltiplas, certamente poderá introduzir inovações interessantes
em suas práticas, oferecendo mais oportunidades para que cada aluno
encontre seu próprio percurso de aprendizagem.
Além disso, para Nista-Piccolo e colaboradores (2004) ao abranger o
ser humano com múltiplos potenciais ocorre o favorecimento de uma
concepção de ensino centrado nos potenciais individuais do aprendiz,
Dificuldade de aprendizagem na perspectiva das inteligências múltiplas 201
desencadeando o desenvolvimento de todos os tipos de inteligências,
característicos de seus potenciais.
Nessa perspectiva, pode-se conceber uma combinação própria de
inteligências para cada ser humano, que pode fornecer indícios no seu
percurso de aprendizagem, como também nas dificuldades encontradas
nesse percurso.
Em suas propostas, Macedo (2005), Feldman (2001), Gardner (2000),
Smole (2006) e Zylberberg (2007) defendem a escola como parte integrante
de uma sociedade complexa, a qual deveria oferecer às crianças uma
aprendizagem a partir da singularidade e diversidade, praticando a reflexão e
ao mesmo tempo refletindo sobre a prática. Para esses autores, reconhecer
essa diversidade no contexto escolar é uma necessidade e uma excelente
perspectiva para focar reformas educacionais.
Os autores propõem uma reflexão sobre diferenças, permitindo talvez
que essa compreensão gere uma crítica ao que está sendo proposto, e o que
está sendo realizado para possibilitar um ensino realmente acessível a todos.
A pesquisa
A partir das análises bibliográficas sobre os temas referentes à
Aprendizagem, Dificuldade de Aprendizagem e Inteligências Múltiplas, alguns
questionamentos foram levantados: Como criar situações de estímulos
pautados na Teoria das Inteligências Múltiplas, em crianças diagnosticadas no
contexto escolar como possuidoras de DA? Será que essa pode ser uma
alternativa facilitadora para a aquisição e expressão do conhecimento?
Para responder a essas indagações, o objetivo principal dessa
investigação, se constituiu em verificar a possibilidade de ampliar a aquisição,
manifestação e expressão do conhecimento, por parte dessas crianças,
classificadas como possuidoras de DA no contexto escolar, utilizando
situações de estímulos das Inteligências Múltiplas como rotas de acesso no
processo de ensino e aprendizagem.
As questões que envolvem a Aprendizagem e DA no contexto escolar
se apresentam de forma complexa. Nessa perspectiva, o método de análise
proposto pelo Paradigma Indiciário, desvelado por Ginzburg (1989), mostrouse
como o mais apropriado para a compreensão desse universo.
202 Vera Lúcia Teixeira da Silva & Vilma Leni Nista-Piccolo
O percurso metodológico da investigação
Esse trabalho foi desenvolvido em uma Escola Pública brasileira,
situada em uma cidade da Grande São Paulo. A escolha dessa unidade como
local do estudo foi devido a pesquisadora atuar como docente nessa escola,
facilitando assim a realização das Intervenções Pedagógicas.
Como primeiro passo, o projeto de pesquisa foi apresentado à Direção
da escola. Após uma análise preliminar, a Direção da escola indicou uma
turma da quarta série, do ensino fundamental, para serem os alunos
participantes desse estudo, pois estavam agrupados e classificados como
retidos, e segundo diagnóstico escolar todos apresentavam DA.
As inquietações direcionaram a uma pesquisa documental sobre a vida
escolar desses alunos, junto à secretaria da escola. Foi realizado um
levantamento de todos os registros referentes aos anos anteriores, além de
dados atuais. A classe escolhida era composta por treze alunos, um número
bastante reduzido, comparado às outras quartas séries, as quais são
constituídas de quarenta alunos, no mínimo. Todos cursavam a quarta série
do Ensino Fundamental pela segunda vez.
No contexto escolar, as questões que envolvem demonstração de DA
são sempre muito complexas, necessitando de vários olhares para uma
mesma questão. Era necessário saber ainda: Quem são essas crianças que
apresentam DA no contexto escolar? Qual a percepção dos pais, dos
professores e da direção da escola em relação a essas crianças? O que
poderia facilitar a aquisição, manifestação e expressão do conhecimento por
parte dessas crianças? Assim, para revelar os caminhos facilitadores da
aprendizagem desses alunos, era preciso realizar entrevistas com todos que
estavam atuando com essas crianças.
Os dados coletados nas entrevistas ajudaram a dar pistas de como
proceder pedagogicamente com essas crianças. O próximo passo consistiu
em elaborar e ministrar as Intervenções Pedagógicas.
Partindo de pontos que emergiram nos estudos sobre Aprendizagem,
DA e Inteligências Múltiplas, foram realizadas propostas pedagógicas de
ensino, por meio de situações problemas, com ênfase no trabalho motor,
visando estimular as Múltiplas Inteligências dessas crianças.
Dificuldade de aprendizagem na perspectiva das inteligências múltiplas 203
As atividades foram desenvolvidas pela professora de Educação
Física e pesquisadora, com início em agosto e término em dezembro de 2006,
totalizando quarenta e uma aulas. Os materiais pedagógicos utilizados foram
fornecidos pela escola e/ou confeccionados pelos alunos. As atividades foram
realizadas fora do período regular das crianças, numa freqüência de três
encontros semanais de aproximadamente 60 minutos cada, totalizando 41
aulas.
Os conteúdos constituíam-se em brincadeiras que envolviam além dos
movimentos corporais, convivência social, atividades musicadas, danças,
dramatizações, verbalizações, trabalhos de recorte e colagem, jogos de
dramatização, movimentos expressivos, atividades rítmicas, circenses e
cênicas.
Segundo Brandl (2005), a manifestação da Inteligência Corporal
Cinestésica no contexto escolar implica em resolver problemas, criar e recriar
manifestações da cultura a partir do potencial de cada um, o que nos pode
indicar também novas abordagens para a prática pedagógica. A autora
realizou um estudo em que relaciona as questões da aprendizagem
vivenciadas na escola com a possibilidade de se proporcionar a estimulação
das inteligências, em especial nas aulas de Educação Física, as quais podem
favorecer principalmente as manifestações da Inteligência Corporal
Cinestésica. Em sua pesquisa esclarece que no contexto escolar para ser
possível uma reflexão sobre o processo de ensino e aprendizagem é preciso
conceber o ser humano em toda sua complexidade. Assim: "[...] concebemos
os seres humanos como complexos, inteiros, unos e a partir de sua
corporeidade, para daí pensar o processo de ensino e aprendizagem como
forma de estimulação das inteligências". Foi baseando-se nessa perspectiva
que esse estudo se fundamentou.
Por meio dos dados levantados nas entrevistas e observações feitas
durante a realização das Intervenções Pedagógicas, buscou-se elencar
indícios de possíveis facilitações na aquisição, expressão e manifestação do
conhecimento por parte desses alunos. A evolução mostrada nos
procedimentos adotados em aula pode ser o indício mais forte de
aprendizagem dos alunos. Cada um, na sua própria individualidade, foi
demonstrando progresso em seu comportamento, se comparado com aqueles
apresentados no início do programa de intervenção.
204 Vera Lúcia Teixeira da Silva & Vilma Leni Nista-Piccolo
Os indícios deflagrados até aquele momento da investigação
trouxeram muito interesse em saber qual era a percepção dos professores,
dos pais e da psicóloga a respeito desses alunos após a realização da
Intervenção Pedagógica. Então, surgiu a necessidade de voltar aos
entrevistados para verificar se expressavam alguma percepção diferenciada
dos indícios revelados antes dessa fase do projeto.
Foram realizadas novamente as entrevistas com os pais, com a equipe
pedagógica e administrativa, todos que estavam envolvidos com essas
crianças.
Considerando que os dados levantados suscitam a busca de sinais,
com base no Paradigma Indiciário, nossa meta era identificar as pistas
presentes nos discursos de todos esses entrevistados, bem como, os sinais
revelados durante a fase de aplicação das Intervenções Pedagógicas,
expressos por esses alunos que, segundo o contexto escolar, apresentavam
DA.
Revelando os indícios
Antes do período das Intervenções pedagógicas, foram revelados
indícios referentes a algumas questões como indisciplina, motivação, o medo
do fracasso, a falta de expressividade, o conformismo demonstrado pelos
pais, a hiperatividade, a carência afetiva, a falta de envolvimento da família e
a falta de interação entre professor-aluno, apontados pelos entrevistados
como sinais que favoreciam a DA.
Quanto às atitudes pedagógicas e administrativas tomadas pelos
envolvidos frente às DA expressadas por esses alunos, foi possível observar,
por meio dos indícios presentes nos seus próprios depoimentos, certas
incoerências no que se refere ao conteúdo programático relacionado com as
reais possibilidades dos alunos e professores, além da falta de apoio da
escola que só determinava o encaminhamento dos alunos para tratamentos
psicológicos.
Após o período das Intervenções Pedagógicas, na segunda etapa das
entrevistas, foi possível perceber que assiduidade das crianças nos encontros
foi um fator que parece ter repercutido também em outras aulas. Mais do que
isso, os alunos também começaram a se relacionar melhor, diminuindo os
Dificuldade de aprendizagem na perspectiva das inteligências múltiplas 205
conflitos entre eles, proporcionando um ambiente mais propício à
aprendizagem.
Indícios múltiplos apontavam que as relações interpessoais se
manifestavam de forma positiva. Percebeu-se que todas as crianças
demonstravam maior envolvimento com as propostas pedagógicas e até
mesmo aprimoravam-se nas várias formas de expressão do conhecimento.
Também foi possível perceber que o compromisso, a motivação, a
organização e o relacionamento entre eles se apresentavam de forma positiva
após a realização dessas Intervenções Pedagógicas.
Por sua vez, a indisciplina, embora tenha se repetido como um fator
que interferia nas ações pedagógicas, já se mostrava em menor freqüência.
Podemos dizer que se compararmos os indícios revelados antes das
Intervenções Pedagógicas que apresentaram real melhora foram aqueles
relacionados às questões da auto-motivação, da disciplina, da interação, da
auto-estima, do compromisso, da criatividade, influenciando na
expressividade do conhecimento e na assiduidade deles na escola. Portanto,
houve significativa melhora após o período de aplicação das Intervenções
Pedagógicas.
Considerações finais
Essa investigação procurou compreender como as crianças com DA
no contexto da escola aprendem, baseando-se no princípio de que todos os
estudantes, embora classificados como possuidores de DA, apresentam uma
pluralidade intelectual. A partir da fundamentação da Teoria das Inteligências
Múltiplas, o processo de aprendizagem é único para cada indivíduo, assim
como o princípio pedagógico se constitui no respeito às individualidades e
principalmente às várias formas de expressividade do ser humano.
Porém, cabe ressaltar que para uma prática pedagógica nessa
perspectiva, não se trata simplesmente de relatar que todos nós somos
diferentes, mas para que ocorra a aprendizagem, a sociedade e a escola
precisam transcender o discurso da diversidade humana, da pluralidade
intelectual e realmente desenvolverem ações sociais, políticas e pedagógicas
comprometidas com a complexidade do ser humano.
206 Vera Lúcia Teixeira da Silva & Vilma Leni Nista-Piccolo
O ato de generalizar, fragmentar e homogeneizar seres aprendizes
propicia a exclusão de valores, e das possibilidades de aprendizagem e
desenvolvimento, reduzindo, e até mesmo anulando, capacidades ilimitadas.
Uma educação que prioriza a criança suscita e exige da escola uma
pedagogia comprometida com intervenções sociais e globais. Assim, o grande
desafio da escola pode se constituir em representar as individualidades,
considerando a diversidade existente no seu contexto.
A educação deve tratar o ser humano em toda sua dimensão, tendo
como foco o indivíduo, rompendo com uma visão reducionista de
Aprendizagem, DA e Inteligência. Além disso, não se pode ter uma visão que
enfatiza a responsabilidade do sucesso da aprendizagem sobre a criança, ou
sobre o professor. Pode ser que a responsabilidade do insucesso da
aprendizagem seja de todo um Sistema Educacional e nessa dura realidade,
o professor torna-se o grande vilão da aprendizagem, e o papel de vítima é do
aluno.
Mas, apesar da evidência de que a responsabilidade pedagógica não
é somente do professor, a partir do momento em que o professor olhar para
todas as crianças, como alunos que possuem várias inteligências, pode ser o
início da mudança de histórias de fracassos tanto de alunos, como de
professores.
Os resultados desse estudo revelam a possibilidade de Intervenções
Pedagógicas, baseadas, na pluralidade intelectual. Entretanto, é preciso
considerar todas as variáveis do contexto escolar, assim como a articulação
dessas variáveis. Além disso, conceber a Teoria das Inteligências Múltiplas no
ensino público não se constitui em uma prática simples, mas se apresenta
como um enorme desafio para todos os envolvidos na educação.
Para aplicar uma metodologia baseada nessa Teoria as estratégias
pedagógicas devem conceber que não existem incapacidades para
aprendizagem. Para tanto, na escola pública, torna-se imprescindível um
engajamento dos professores, dos pais, dos alunos, da equipe administrativa,
enfim de todos os envolvidos no sistema escolar, juntamente com a ruptura de
alguns Paradigmas Educacionais.
Além disso, cabe atentar que no ensino público os alunos, os
professores, os diretores, os pais enfrentam uma dura realidade, sendo que
os descasos prevalecem, e muitas vezes estão além do contexto escolar, pois
Dificuldade de aprendizagem na perspectiva das inteligências múltiplas 207
estão inseridas na história de vida da criança e na sociedade. Diante dessa
realidade do contexto escolar, as propostas pedagógicas que envolvem
equipe administrativa, os docentes e os discentes, na educação pública, estão
pautadas num enorme desafio: "matar um grande leão a cada dia".
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Dificuldade de aprendizagem na perspectiva das inteligências múltiplas 209
LEARNING DIFFICULTIES FROM THE PERSPECTIVE OF MULTIPLE
INTELLIGENCES: A STUDY WITH A GROUP OF BRAZILIAN CHILDREN
Abstract
The text presents a study with thirteen Brazilian children enrolled in the fourth
grade of elementary education of the public school system from Estado of São
Paulo, diagnosed as having learning difficulties. The objective was to
investigate the possibility of increasing the acquisition and expression of
knowledge among these children. Sustained by the literature review about
Learning, Learning difficulties and Multiple Intelligences, pedagogical
interventions have been developed aiming at promoting the intellectual
diversity of those students. For the analysis we opted for the method
suggested by Ginzburg (1989): the evidential paradigm. The data were
collected by means of interviews and observations during the pedagogical
interventions and showed signs that may have promoted learning disabilities
in the school context. After the pedagogical intervention period, we concluded
that motivation, discipline, interaction, self-esteem and expressiveness
improved considerably. Moreover, data showed evidence that encourage
learning, developed in the course of the pedagogical interventions
Keywords
Learning; Learning difficulties; Multiple intelligences
210 Vera Lúcia Teixeira da Silva & Vilma Leni Nista-Piccolo
DIFFICULTÉS D’APPRENTISSAGE DANS LA PERSPECTIVE DES INTELLIGENCES
MULTIPLES: UNE ÉTUDE AVEC UN GROUPE D’ENFANTS BRÉSILIENS
Résumé
Le texte présente une étude avec treize enfants brésiliens inscrits en
quatrième année de l’enseignement élémentaire d’une école publique de l’Etat
de São Paulo. Ces élèves ont été diagnostiqués comme porteurs de difficultés
d’apprentissage. L’objectif était d’étudier la possibilité de développer
l’acquisition, l’expression et l’expression des savoirs par ces enfants. Partant
d’une revue de la littérature sur apprentissage, difficultés d’apprentissage et
intelligences multiples, on a fait des interventions pédagogiques pour stimuler
la diversité intellectuelle de ces étudiants. Le paradigme indiciaire de Ginzburg
(1989) a été usé comme méthode d’analyse. Les données recueillies lors des
interviews et des observations au cours des interventions ont montré possibles
raisons pour le développent des difficultés d’apprentissage en contexte
scolaire. Après le période de l’intervention pédagogique on peut conclure que
la motivation, la discipline, l’interaction, l’estime de soi et l’expression ont été
amélioré considérablement. En outre, les données ont montré des indices qui
encouragent l’apprentissage, construits dans le cadre des interventions
pédagogiques.
Mots-clé
Apprentissage; Difficultés d’apprentissage; Intelligences multiples
Recebido em Março/2009
Aceite para publicação em Junho/2010
Dificuldade de aprendizagem na perspectiva das inteligências múltiplas 211
Toda a correspondência relativa a este artigo deve ser enviada para: Vera Lúcia Teixeira da Silva,
Rua Dr. Almiro dos Reis, 54 BL A, apto 4, Jardim Lapena, Cep 08071-170, São Paulo, Brasil. E-mail:
verateixer@hotmail.com

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